segunda-feira, 27 de abril de 2015

Maslow não conheceu a sociedade de consumo e isso faz toda a diferença


Por Paulo Vieira de Castro - Ciência Hoje - 22 jul. 2008

Quando Maslow pensou a sua teoria não lhe foi possível imaginar o cerceado crivo da sociedade de consumo. E isso poderá mudar tudo? Talvez o moderno comportamento de consumo obrigue a uma reflexão em torno da hipótese de uma nova hierarquia de necessidades humanas. Certo é que muitas das que são de ordem psicológica/emocional se assumem cada vez mais, na actualidade, como necessidades básicas para os mais consumistas.

Na segunda metade dos anos 50, Maslow assumiu que as necessidades humanas estão organizadas numa hierarquia de importância, representada graficamente na forma duma pirâmide, cuja base é preenchida pelas necessidades fisiológicas e de sobrevivência e o topo por necessidades de status e auto-realização.
Evidencia-se deste modo a crença segundo a qual se poderá reduzir o Homem a leis meramente racionais, quando pensamos no concretizar das suas próprias necessidades, defendendo ainda este importante autor que poucos ou nenhuns procurarão o reconhecimento pessoal, ou o status, se as suas necessidades básicas não estiverem satisfeitas. Mas, será que a tão famosa pirâmide das necessidades de Maslow continuará actual num futuro próximo?

Todos somos consumidores e não teria sido necessário aguardar a confirmação das neurociências (neuromarketing) para imaginar um ser humano que, no que às decisões de consumo diz respeito, usa na actualidade de um questionável nível de razoabilidade.

A cultura de consumo suportada por diligentes empresas de comunicação e meios, ainda de PNL, de entre outras, contribui para o atingir a mente dos consumidores através de programação dedicada ao subconsciente. É claro que qualquer necessidade continua a ser traduzida por um processo primário, configurado em torno da tenção fisiológica e psicológica, entre a satisfação e a frustração. O que poderá ser questionado actualmente é a capacidade do Homem fantasiar em torno deste mesmo processo.
Mas o que é que mudou? Desde logo, o entronizar da ilusão do poder pelo consumo, ou seja o consumo transformou-se no mais importante ideal de afirmação social, económico, status, etc. A este propósito salientamos ainda o facto da identidade social do indivíduo, agora massificado, já não o remeter, como outrora, para a família de referência ou para a função (profissão) desempenhada, mas, cada vez mais, para o seu estilo de consumo.

Numa sociedade onde tudo parece ser acto de consumo, coloca-se a possibilidade de assistimos a mudanças no ciclo motivacional, esbatendo-se o controlo sobre os impulsos oniomaniacos, contribuindo largamente para isso a desenfreada oferta de crédito ao consumo e a comunicação empresarial. Tal situação poderá representar a fragmentação da teoria da motivação de Maslow, já que perante um mundo crescentemente reduzido às relações de consumo e aos seus atributos de status, o Homem se vê agora submetido a uma exaltada e inevitável influência psicológica / íntima, suportada por modernas técnicas de persuasão. Afinal, se tudo mudou, porque não se adaptaria o Homem a esse novo mundo, quando pensamos na forma de lidar com as suas necessidades?

Ao aceitarmos que a motivação se encontra no intervalo entre o estado real e o desejado, ou seja entre as forças e os conflitos, os estados psicológicos e os desejos apreendidos, onde o ser humano titubeia face ao impulso biológico e à estimulação social, então como entender a mudança de que falamos? Para além do poder pelo consumo, existem três tópicos centrais a este respeito: por um lado a Neofilia, ou seja, o efeito encantatório provocado pela novidade (inovação como pressão no mercado); por outro, a Oniomania, palavra grega que significa a febre das compras e por fim a explosão do crédito ao consumo.
Se a estes juntarmos o facto de estarmos constantemente expostos a uma comunicação empresarial (promoções, publicidade, telemarketing, directmail,etc.) cada vez mais agressiva, então poderemos entender a razão pela qual o ciclo motivacional de Maslow poderá vir a sofrer alterações profundas. Para tudo isto muito terá contribuído o ideal neoliberal ao assombrar-nos com a concepção que o mundo vai por si mesmo.

O mercado torna-se, deste modo, uma entidade não controlável, afectando irremediavelmente o comportamento do Homem moderno, transformando-se a exaltação do consumo de tal modo presente no individuo que a Organização Mundial da Saúde se vê forçada a atribuir à Oniomania a referência IM-10 da classificação internacional das doenças, sendo-lhe, ainda, atribuída a menção DSM-IV na Statistical Manual of Mental Disorder.

Mas poderá esta mudança comportamental radicar-se, unicamente, no facto das necessidades fisiológicas referidas por Maslow estarem agora naturalmente asseguradas na sociedade da abundância e, talvez por isso, todos os indivíduos serem motivados pelas necessidades anímicas? Quantos de nós poderão ter isso como certo? Talvez seja demasiado cedo para darmos uma resposta cabal em relação a tudo isto. Contudo, exige-se que se reflicta a propósito da influência da sociedade de consumo no que diz respeito à provável desconstrução das teorias motivacionais clássicas.

Prezadas e Prezados, vocês poderiam tentar responder algumas das questões que o autor levanta ao final?

terça-feira, 14 de abril de 2015

Estudo Dirigido I - Teorias, Psicanálise e Maslow



Para aqueles que estiverem em sala de aula no dia 14 de abril, o trabalho poderá ser em grupo com, no máximo, 3 componentes.

Para aqueles que faltaram neste dia, o trabalho deverá ser individual.

Consulte suas anotações, o livro base da disciplina, os textos no Material Didático, vá à internet...


1)    Vocês vão apresentar ao cliente (o ministério das cidades) a peça acima:




O cliente, no entanto, não poderá recebê-los e vocês terão que enviar a defesa via e-mail.



Como sabem, os bons publicitários buscam as motivações do seu público-alvo (no caso da peça, os motoristas) para entendê-los e acionarem suas motivações. No entanto, o que são as motivações é tema de visões diferentes, dependente de cada teoria.



O estudo solicita, portanto, que façam a defesa da peça publicitária utilizando-se dos argumentos das teorias sobre motivação até agora estudadas: econômica, behaviorista e psicanalítica.



Não precisam ser defesas muito elaboradas, apenas para que possam resgatar suas anotações e o entendimento sobre a visão de cada uma das maneiras de se ver as motivações. Podem fazer um quadro como o de baixo.



Teoria
Argumento
Econômica


Behaviorista


Psicanalítica




Dos itens 2 a 5, utilize peças publicitárias de revistas ou jornais:

2)   Selecionem um anúncio de uma revista com ênfase aparente em cada uma das características psíquicas do adulto (Id, Ego e Superego) (total de três anúncios). Justifique a escolha em poucas palavras. 

 3)   Selecionem um anúncio com ênfase aparente em cada um dos processos de negação ou expressão de nossos desejos (projeção, identificação e sublimação) (total de três anúncios). Justifique a escolha em poucas palavras. .

 4)   Selecione um anúncio que exemplifique os arquétipos de Carl Jung. Justifique a escolha em poucas palavras


5)   Selecionar um anúncio com ênfase em cada necessidade apontada pela Teoria de Maslow (total de cinco anúncios). Justifique a escolha em poucas palavras. 

 

Atenção: Os anúncios podem ser coincidentes

(ou seja, um anúncio pode servir para ilustrar dois ou mais itens acima). Só não se esqueçam de numerar para que se possa avaliar sobre cada item.

Entrega no dia 22 de abril, impressos (não pode ser via e-mail).

quarta-feira, 8 de abril de 2015

O estudo de arquétipos para consolidação de marcas



Por Thiago Nunes -  Webinsinder - 23/12/2009

Não existe propaganda ingênua, tudo é trabalhado nos mínimos detalhes para passar uma imagem ou fixar estereótipos na mente das pessoas. Entenda o que são arquétipos e como eles podem ajudar a consolidar sua marca.

Vamos tentar ter uma visão bastante ampla, que propõe descobrir o significado mais profundo da construção de marcas.

É preciso ter a mente aberta, porque aqui existe psicologia, mitologia, marketing, branding, filosofia, motivação, emoção e grandes ideias.

As ideias não são minhas, furtei-as de um estudo feito por Margaret Mark e Carol S. Pearson, autoras do excelente livro O Herói e o Fora-da-Lei.

Afinal, que danado é arquétipo?

Arquétipo é a primeira ideia de alguma coisa, o princípio de algo.

(...)

O psicanalista Carl Gustav Jung, em sua teoria, observou que nós compartilhamos um inconsciente coletivo.

Trata-se de um inconsciente repleto de desejos comuns. Ele observou, também, que vários mitos e narrativas – em toda a Terra – além de serem semelhantes, nos ajudam a despertar estes desejos.
Assim como o arquétipo do Herói nos motiva à coragem e honestidade, o Explorador nos motiva a pôr o pé na estrada e se mandar… seja pra onde for.

E que tal se uma marca, de certa forma, saciar um pouco esses nossos anseios?

(...) 

Existem marcas, grandes marcas, que incorporam e moldam toda a sua comunicação baseada em um único arquétipo.

Se você pegar a Coca-Cola, por exemplo, vai perceber que ela propaga um mundo melhor. Um mundo feliz. “Viva o lado coca-cola (feliz) da vida.”, “Viva o que é bom”, e agora, recentemente, “Abra a felicidade”.

Pura inocência. O inocente quer um mundo melhor, mas não faz nada para tê-lo. Ele apenas o espera. As pessoas saciam esse anseio, de certa forma, bebendo coca-cola. A coca-cola vende felicidade, não apenas um refrigerante de cola.

Estes comerciais retratam bem a inocente Coca-Cola: confira aquiaqui.

A Pepsi, por outro lado, nos diverte utilizando o arquétipo do Bobo da Corte.

Sim, porque se a Pepsi fosse inocente, seria muito difícil aumentar o seu market share já conquistado pela Coca.

Sua comunicação tem que ser diferenciada, já que o produto nem é tanto. Confira aquiaquiaqui alguns filmes dos limõezinhos da Pepsi e um dos M&Ms. O Bobo da Corte é assim: malandro, animador, palhaço, tolo e o comediante.

Agora, não existe comercial melhor que defina uma marca do explorador como este aqui.

A Levi’s, nesse filme, nos impulsiona a ir ao encontro da natureza, explorar o mundo. E é isso que o explorador, no seu nível mais alto, procura.


(...)

A Nike, por exemplo, é uma marca do Herói. Ela nos motiva quando somos impulsionados pela Mestria/Risco.

Não é a toa que ela patrocina vários times competitivos. Nós compramos Nike para vencer competições. E ela nos motiva a não desistir nunca. “Just Do It (Apenas Faça)”.
Use Nike e vença, ponto final.

Marcas de esportes, geralmente, caem bem nesse arquétipo. Confira o filme.

E a Harley-Davidson? Onde você acha que se encaixa?

Sem dúvida no fora-da-lei. Quem sobe em uma Harley não tá nem aí para as regras. Eles querem mesmo é quebrá-las.

O executivo da empresa disse certa vez: “o que vendemos é a oportunidade de um contador de 43 anos se vestir de couro preto, sair de moto por aí e ver as pessoas com medo dele”. É exatamente isso. Olha esse filme.

Enfim, poderíamos citar várias marcas para vários arquétipos, mas seria um texto muito grande.
Entendendo bem o conceito e o estudo de arquétipos, é possível dar um significado profundo e uma vitalidade rara à marca.

Apesar de ser um estudo novo – de uns 10 anos pra cá – ele já está sendo aplicado por grandes marcas.

Analise com calma a história da sua marca, os seus valores básicos e o seu diferencial. Como a empresa começou? O que as pessoas pensam sobre ela?

Busque a alma da sua marca e incorpore um arquétipo.

As pessoas cada vez mais vão se identificar com a marca e perceber, subjetivamente, o seu significado mais profundo. E aí, meu amigo, não tem concorrente que segure.

Prezadas e Prezados, comentem o artigo e, se puderem, respondam: somente as grandes marcas podem incorporar um arquétipo?