quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Estudo Dirigido I - Consumo

Prezadas e Prezados,

Para aquelas e aqueles que não puderam ir na aula do dia 17 último, dei um Estudo Dirigido.

Tanto as perguntas como o texto estão disponíveis na nova sala virtual do SOL, intitulada "Material Didático".

O exercício é individual e deve ser entregue na próxima semana.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A influência da globalização dos produtos de consumo na formação da personalidade dos jovens

Por Tânia Maria Hetkowski e Rodrigo Barros Gewehr - Universia - Publicado em 18/11/2005 - 00:01

Este trabalho surge de uma simples questão: por que enxergo tamanha contradição na fala dos adolescentes? Há muito tempo venho percebendo, a princípio de forma pouco clara, talvez por ser, na época, também um adolescente, uma certa apatia frente a vida, exposta em seus discursos; bem como uma falta interna de coerência entre o que se pensa e o que se faz.Esta questão não é apenas uma dúvida escolástica, mas nasce, primeiramente, da própria incoerência que vivi juntamente com o grupo com o qual convivia, quando de minha adolescência. Sempre soou estranho aos meus ouvidos tamanha apologia à liberdade, quando, na verdade não podíamos transcender as idéias do grupo, e quando, ao final do mês, tínhamos de prestar contas aos nossos pais e pedir dinheiro para a manutenção de nossa liberdade.


Após o início deste estudo, com o contato que tive, e ainda tenho, com adolescentes essa contradição passou a afigurar-se cada vez mais forte, porém ainda não era claro para mim o que a ocasionava, como se propagava e quais as conseqüências na vida futura da pessoa. Assim, comecei a traçar suas relações com a mídia e com os produtos de consumo, a fim de perceber suas relações com a questão dos adolescentes, já que a mídia é o meio de propagação por excelência das idéias da sociedade contemporânea, e os produtos de consumo seu alimento e combustível.


Um depoimento de uma aluna de 15 anos deixou-me deveras intrigado. Disse-me ela que achava "animal" o grupo de rock "Dazaranha", o qual tinha feito um show em nossa cidade, e que gostava de assistir "Teletubies" na parte da manhã. Essa fala da adolescente foi bem significativa para mim e a partir daquele momento comecei a visualizar de forma mais clara a questão com a qual me deparava. Percebi a um só momento que o fato que presenciava era mais profundo do que imaginava e ao mesmo tempo óbvio e transparente.


Dessa forma, esse trabalho surge primeiramente quando estava enfrentando minha adolescência, sendo assim, inicia a partir de uma necessidade interna de entendimento, e estende-se após a superação desta etapa, devido a minha contínua observação e interesse pela realidade do adolescente, auxiliado sobremaneira pelos estudos realizados no curso de Psicologia, os quais regaram a semente deste estudo e deram-me uma visão teórica que embasou minha caminhada.


O fato observado pode ser entendido de diversas maneiras e sob diversos aspectos. Partindo de uma visão psicanalítica podemos entender que esta crise atravessada pelo adolescente faz parte de seu crescimento psíquico, e é plena de dualidades (ABERASTURY & KNOBEL, 1992). Trata-se de um momento de transição, momento de elaborar lutos, de abandonar algumas posições para poder assumir outras e assim construir uma identidade adulta.


Este momento é rico em questionamentos, dúvidas e incoerências, retrato parecido ao de nossa sociedade atual (OSÓRIO, 1989). Por isso percebe-se que nossa sociedade e nossos adolescentes formam uma interface que favorece o entendimento da dinâmica tanto destes, quanto daquela. Ambos se interpenetram, refletem-se um no outro, mostrando suas riquezas e suas doenças.


De um ponto de vista social, nota-se que o processo de globalização vem provocando mudanças profundas em nossa sociedade e propagando de forma generalizada o modo de produção capitalista, baseado no consumo. Esta tendência mundial interfere na cultura e cria formas de agir e pensar de certa forma "homogêneas", incutindo seus produtos no âmbito global (ACHUGAR, 1994, 1997; BEYHAUT, 1994). Porém, tal homogeneização é fonte de graves descaracterizações nas culturas nacionais, provocando, similarmente ao adolescente, uma sensação de nau à deriva, para usar de uma alegoria.


Nosso intento nesta pesquisa foi reconhecer na fala dos adolescentes o quanto a globalização está presente em suas vidas. Utilizamo-nos como fio condutor de nossa investigação os produtos de consumo advindos desse processo mundial. Outra perspectiva explorada foi a relação, a interface do adolescente com a sociedade; como esse relacionamento ocorre e quais as consequências no comportamento do adolescente. Certo é que a globalização, a sociedade e os adolescentes, interagem de forma íntima e muitas vezes velada, e esta inter-relação traz conseqüências na formação da identidade deste adolescente contemporâneo, as quais procuramos revelar e compreender neste projeto de pesquisa, financiado pelo PIBIC/CNPq."Já faz trezentos anos que escalo esta montanha e nunca alcanço o cimo." Utilizamos Goethe para dizer que este estudo não é uma conclusão, e sim alguns passos na escalada interminável do conhecimento. Queremos contribuir com nosso trabalho para a ampliação nas perspectivas de investigação das relações do adolescente com seu meio, e consigo mesmo, pois é premente a necessidade deste estudo.


Prezados, dêem sua opinião sobre o artigo.