segunda-feira, 29 de maio de 2017

Uso do discurso gourmet reforça desigualdades sociais

Pouca diferença.Produtos gourmet em supermercado tinham os mesmo ingredientes que os “normais. Crédito: Lincon Zarbietti/O Tempo

Para especialista, indústria cria hierarquia para vender alimento tido como melhor por consumidor

Por Ludmila Pizarro - O Tempo - 21/5/2017 

A decisão de pagar R$ 17 ou R$ 60 pelo quilo do café é do consumidor. O que está por trás dessa escolha foi o que instigou o economista Valter Palmieri Júnior a defender a ideia de que a gourmetização é um reflexo de como classes sociais diferentes relacionam-se com o consumo de alimentos. “A indústria alimentícia se apropria dos discursos alimentares relacionados à saúde, ou ao prazer, e cria uma diferenciação social, porque a classe mais pobre não tem acesso aos chamados ‘produtos gourmet’”, diz. Palmieri apresentou a tese de doutorado “A gourmetização em uma sociedade desigual: notas sobre a diferenciação do consumo de alimentos industrializados no Brasil”, em abril, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Para ele, essa diferenciação se dá pelo preço, que nem sempre representa um produto melhor. Ele adverte que muitas vezes o gourmet é uma estratégia de venda, com pouco investimento no produto. “A qualidade dos produtos alimentícios da indústria brasileira sempre foi baixa, com muito açúcar e gordura. O que a indústria faz é diminuir um pouco esses ingredientes e cobrar muito mais caro. Um investimento de até 10% em um produto permite que o fabricante cobre até o dobro do preço. O investimento, inclusive, pode ser apenas na embalagem”, avalia.
Mas o investimento no marketing, segundo ele, costuma ser três vezes maior.
Nas gôndolas, essa diferença é perceptível. O quilo do sal, ambos iodados, sem outra diferença, pode variar até 233% de um “comum” para um “premium”. De acordo com o local da compra, o quilo de farofa pode variar de R$ 19,66 a R$ 174. Isso com pouca variação entre ingredientes, mas a segunda vem em um pote de vidro, e a embalagem valoriza pontos como “sem glúten” e “sem lactose”, características comuns a qualquer farofa.

Uma gôndola de supermercado em BH trazia uma curiosa diferença. Salsicha com rótulo gourmet era 320% mais cara do que uma marca comum. A diferença de preço do quilo, de R$ 6,90 para R$ 29,90, não era justificada pelos ingredientes estampados nos rótulos, que eram os mesmos.

Os consumidores, porém, acreditam que adquirir um produto gourmet é garantia de qualidade. “O produto gourmet tem uma qualidade maior, por isso não me incomodo de pagar um pouco mais”, conta a empresária Ana Carolina Cançado de Andrade, 23. “Quando tem uma alternativa diferenciada, premium, opto por ela pela qualidade superior”, afirma o médico Custódio Aleixo, 65.

Outro lado: Moradia impacta consumo Para a pesquisadora Ana Clara Duran, da Faculdade de Saúde Pública da USP, a distância de centros comerciais dificulta que moradores de periferias tenham acesso a produtos nutritivos. “Ouve-se muito que as pessoas em regiões mais afastadas da cidade e do país estão aumentando o consumo de comida processada, mas primeiro precisamos analisar a logística de distribuição para esses lugares, como está e se está chegando alimento fresco”, diz.

O preço de hortaliças e frutas também impacta a escolha. Para ela, o problema não passa só pela reeducação alimentar.

Pessoal, o que essa notícia pode nos ajudar a entender sobre Classe Social e Consumo?

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Geração Z quer retorno rápido


Vejam o nível porcentual dos jovens empreendedores que usam campanhas publicitárias!
Por Maria Lúcia Gontijo - O Tempo - 8/5/2017

No site da estilista tem o número do celular e a sugestão “Tenho Whatsapp”. Mesmo assim, a estudante Sofia Vilela, 14, não conseguiu entrar em contato com a profissional que poderia fazer seu vestido de 15 anos. “Desisti dela e vou tentar outras. Se nem visualiza a mensagem, é porque não tem a urgência que preciso”, decreta. Assim é a geração Z, o grupo demográfico nascido entre 1994 e 2010, e que representa 25,9% da população mundial.

Essa geração tem urgência, quer resposta rápida. Eles já nasceram empoderados pela conectividade, compartilhando momentos nas redes sociais e fazendo compras online, mas muitos nem usam

computador. Resolvem tudo com smartphone em punho. É o caso da estudante Marcella Albuquerque,17. Vive conectada e sempre que pode faz compras pelo WhatsApp. “Eu uso o aplicativo para comprar roupas, acessórios. Até bolo sem glúten já comprei. É muita facilidade”, diz.
Além disso, ela também usa as redes sociais para vender sua linha de joias. “Além do ‘Whats’, eu uso o Instagram para divulgar. A maioria das minhas clientes tem a minha idade e ama saber da coleção através das redes”, disse.

A estudante de publicidade e propaganda Vitória Zuppo, 20, é mais receosa. “Quando me arrisquei pela primeira vez a comprar online, gostei. Comprei algumas roupas da China e chegaram sem problemas, mas mesmo assim, fico receosa”, diz. Vitória prefere seguir marcas e lojas, ficar por dentro das coleções e depois comprar na loja física. “Se fico sabendo de alguma marca ou loja, já corro para o Instagram para ver os produtos. A marca que não tem perfil nas redes só tem a perder”, completa.

Segundo o diretor de e-commerce da Totvs, Maurício Trezub, essa geração busca o máximo de informações possíveis sobre tudo, principalmente na hora de comprar. “O que eles mais compram são produtos relacionados à moda e à tecnologia, especialmente celular. Além disso, apesar de ainda não estarem totalmente inseridos no mercado de consumo, influenciam os pais na hora da compra, fazem pesquisa na internet e vão à loja física”, aponta. Para Trezub, a geração Z não separa a vida real da digital.

“Para esse consumidor, a internet faz parte do dia a dia, ele não conheceu o mundo sem ela. Dispositivos móveis e redes sociais fazem parte da vida, para se relacionar com os amigos, assistir a filmes, comprar, estudar e até mesmo trabalhar”, explica.

Mais que tudo, o consumidor Z não é fiel a uma marca, mas sim ao que ela proporciona. “Como a diferença entre o real e digital praticamente não existe para essa geração, o esperado é que as empresas busquem novas formas de criar experiências diferentes, em todos os canais (físicos e digitais) para atrair, de fato, esses consumidores”, disse.

Para a jornalista especializada em negócios e carreiras Inácia Soares, as empresas precisam estar atentas às demandas desse público. “Se a empresa achar que trata-se de um cliente como qualquer outro, terá sorte se conseguir atrair e retê-los. Outro aspecto importante é a rapidez nos retornos. Jovens se sentem mais confortáveis com a simultaneidade de processos. Enviam e recebem a resposta quase que instantaneamente. Portanto, é preciso ter equipe dedicada ao atendimento digital”, explica.

“Quando a empresa entende o problema do cliente, ela consegue se comunicar melhor sabendo o que pode oferecer de solução para esse público tão exigente”, aponta a especialista em desenvolvimento de negócios da We Do Logos, Paula Del Sarto.
Mais conectada. A Geração Z envia, em média, 206 mensagens por dia, quase três vezes o volume da geração nascida nos anos 80, aponta pesquisa da McCann sobre o comportamento de jovens.

E-commerce, apenas, não é suficiente
As empresas ainda buscam alternativas para atrair o público de 16 a 20 anos. Segundo a especialista em desenvolvimento de negócios da We Do Logos, Patrícia Del Sarto, antes de investir, é preciso saber se o produto atende às demandas dessa geração Z. “A empresa, antes de criar um ecommerce, por exemplo, precisa analisar qual é o perfil de seus clientes. Entendendo isso, a melhor maneira de conquistar esse público é se comunicar de forma clara, investir na usabilidade, além de um apelo visual”, diz.

Paula ainda explica que quem não se preocupa em entender o cliente e acompanhar a mudança de seus desejos está fadado a fechar as portas.

Poder de consumo pede mais atenção

A geração Z quer agilidade, mas precisa de limite. Segundo a psicopedagoga Cristina Silveira, a atenção dos pais deve ser redobrada com o poder de consumo desta geração. “Os pais precisam estar atentos. Adolescentes e jovens precisam de limites, não importa se o dinheiro é deles e ou não. Eles precisam se conscientizar para não consumir desenfreadamente e perder o valor do dinheiro”.

Lucas de Freitas Sommer, 14, fica conectado na maior parte do tempo, e tem autorização dos pais para comprar pela internet. “Eu entro no site e já monto o que quero no carrinho de compras. Aviso minha mãe, e ela só me passa o código de segurança do cartão de crédito, os outros dados já estão cadastrados”, disse.

Sommer “não tem paciência” para comprar em loja física. “Prefiro comprar online pela rapidez e praticidade, resolvo tudo em poucos cliques. Compro mais tênis e jogos de videogame”, conta. A inspiração para muitas das aquisições vem do YouTube. “Vi um vídeo legal de um cara desenhando na parede de um quarto. Descobri qual caneta ele usava e comprei no site norte-americano”, explica.

“É uma geração imediatista que quer tudo para ontem. Cabe aos pais terem estratégias para educar financeiramente essa turma”, orienta a psicopedagoga.

Pessoal, quais são os desafios e as possibilidades para a publicidade diante desta geração que logo irá ser a principal consumidora?

segunda-feira, 15 de maio de 2017

'A gente somos inútil'

Escorregador em forma de vaso sanitário em exposição no Japão- Crédito: Issei Kato - 3.jul.2014/Reuters/Folha de S. Paulo
Por Hélio Schwartsman - Folha de S. Paulo - 14/05/2017

SÃO PAULO - Você sabe dizer como funciona a descarga do banheiro? Embora utilizemos esse equipamento mais de uma vez por dia, a maioria de nós é incapaz de explicar a física envolvida no despacho de dejetos. Não é nada muito complicado —trata-se basicamente do efeito sifão—, mas poucos de nós conseguem descrever como se dá a mágica. Coisas muito parecidas ocorrem para outros objetos cotidianos como o zíper. E nem vale a pena começar a falar de aparelhos realmente complicados como o forno de micro-ondas ou uma bomba atômica.

Sozinhos nós não apenas somos inúteis como também profundamente ignorantes. Com alguma licença poética, é essa a conclusão dos cientistas cognitivos Steven Sloman e Philip Fernbach, autores do fascinante "The Knowledge Illusion" (a ilusão do conhecimento).

Eles recorrem a exemplos e explicações evolutivas para mostrar que não estamos mentalmente equipados para guardar os detalhes de nenhum objeto ou situação individuais. Nossos cérebros só arquivam as grandes regularidades do mundo, deixando de lado particularidades. Mas, como a consciência da ignorância é imobilizante, nutrimos gostosamente a ilusão de que sabemos mais do que de fato sabemos.

Parece uma receita perfeita para o fracasso, mas nossa espécie não só não foi extinta como ainda conquistou o planeta e produz tecnologia indistinguível da mágica. Isso ocorre porque somos seres sociais. Enquanto indivíduos não sabemos quase nada, mas, como coletividade, conseguimos armazenar uma impressionante quantidade de conhecimentos, que depositamos em livros, grupos de especialistas e nos próprios objetos —você não precisa saber física para acionar a descarga.

Sloman e Fernbach, porém, não são tão otimistas. Embora seja possível avançar coletivamente, confiar cegamente nos dogmas sociais também pode nos levar a erros terríveis.

Pessoal, o que esse artigo nos diz sobre nosso Comportamento do Consumidor?

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Empresas fatiam serviços para vendê-los a preço menor e atrair clientes




Por Anna Rangel - Folha de S. Paulo - 1o de Maio, 2017

Em vez de cobrar um plano mensal ou uma diária, pequenas e médias empresas do setor de serviços vêm adotando o modelo "sob demanda". São oferecidas apenas algumas atividades ou infraestrutura, sem que o cliente tenha de arcar com um custo fixo.

A ideia é manter o empreendimento menos ocioso e atrair clientes que, de outra forma, não consumiriam o produto oferecido, explica Pedro Zanni, professor de estratégia empresarial da FGV (Fundação Getulio Vargas).

"Trazer 30% a mais de público para uma academia, por exemplo, permite diluir o custo fixo da operação sem prejudicar a experiência do consumidor que já paga pelo plano mensal ou anual fechado", diz Zanni.
A estratégia é alternativa para enfrentar a crise, segundo o consultor do Sebrae-SP Márcio Bertolini. Para 59% das empresas, será preciso rever fórmulas de estimular as vendas neste ano, de acordo com pesquisa da instituição feita com 6.600 organizações de menor porte entre outubro e novembro de 2016.

O modelo garante uma receita extra para o spa Viktoria Garten, em Itapecerica da Serra (Grande SP), que oferece diária mais curta (de 8h às 17h) por R$ 165. O pacote inclui quarto, café da manhã, almoço e acesso à piscina.

"Os pacotes de fim de semana, a preço cheio [R$ 375] garantem a receita para financiar o negócio. As visitas de um dia são o complemento", afirma o turismólogo Antônio de Pádua, 55, proprietário do spa.
Nos últimos dois anos, o número dos que buscam o "day pass" (passe de um dia) cresceu 60%, segundo cálculos de Pádua. "Sem a venda avulsa, teríamos sofrido grave queda de receita em 2016."

A empresa faturou cerca de R$ 400 mil no ano passado, valor que se manteve estável em relação a 2015.
"A vantagem do 'day pass' é que o público não usa só a estrutura, mas compra uma massagem, volta mais vezes ou faz indicações, que já respondem por mais da metade da nossa base de clientes", afirma Pádua.
Há quem já baseie o modelo de negócios na venda unitária de seus serviços, como a academia Spin n Soul. O foco são as aulas de "spinning", na bicicleta. Cerca de 40% da receita vem da comercialização de visitas únicas, a R$ 45. Também são oferecidos pacotes com descontos, de 5 a 30 aulas.

O sócio Daniel Nasser, 34, conta que, ao pesquisar o mercado, sentiu resistência do público aos tradicionais planos de longo prazo. "Um serviço 'a granel' permite que nos especializemos em uma única modalidade, e isso nos diferencia das academias tradicionais, em que o cliente paga por atividades que não pratica", afirma.
A empresa, aberta em 2014, já fatura R$ 2 milhões ao ano e cresce 5% ao mês.

ROTATIVIDADE
Um dos desafios é vencer as flutuações de demanda, uma vez que a rotatividade dos clientes é muito alta, explica Zanni, da FGV. No caso da Spin n Soul, são mais de 24 mil pessoas cadastradas.

Mas é possível ganhar pelo volume de clientes. O estúdio de pilates da fisioterapeuta Mary Morishita, 29, viu um crescimento de 50% no movimento desde que implantou o sistema de visita única, a R$ 29,90, por meio de um serviço que reúne outras empresas do tipo.

"O modelo vale para quem não investe em marketing e depende do boca a boca. É o nosso caso, e valeu a pena. Foi preciso achar um espaço maior para dar conta da demanda", diz Morishita.
Se a ideia é depender menos do marketing e mais da indicação, o esforço para causar uma boa impressão ao freguês deve ser ainda mais intenso, afirma o consultor Márcio Bertolini, do Sebrae. "Ou se deixa uma imagem favorável ou o cliente, além de não voltar, avisa a seus conhecidos nas redes sociais que o serviço é ruim."

Pessoal, quais as oportunidades e ameaças para o profissional de comunicação neste novo cenário?

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Estudo Dirigido III - Percepção de Figuras Humanas do MASP




Objetivo: compreender a importância da Percepção no Comportamento do Consumidor  

Instruções:

1)      Ler, antecipadamente, as páginas 47 a 72 (2ª ed.) do livro Comportamento do Consumidor, de Eliana Kasaklian, referente ao item 1.8 Percepção, do Capítulo 1.

2)      Formar grupos de até quatro componentes.

3)      Visitar a Exposição A Figura Humana no acervo do MASP, que está no Centro Cultural Banco do Brasil, na Praça da Liberdade (8/5 - Turma Noite; 11/5 - Turma Manhã)

 4)      Descrever a exposição com os argumentos do texto base. Como e onde os conceitos, as características, os tipos e as possibilidades de Percepção podem ser encontradas nos quadros expostos? O texto deve ter, no mínimo, quatro mil caracteres (com espaços).

5)      Ilustrar o trabalho com imagens dos quadros (são encontrados facilmente na internet ao buscar o nome da obra e do artista). Não é necessário usar todas as obras, mas, no mínimo, três.

6)      A partir do relatório acima, responder:
a.      Como usar tais argumentos para entender a percepção do consumidor? (mínimo 1.500 caracteres com espaço).
b.      Como usar tais argumentos para resolução de problemas de comunicação com o consumidor? (mínimo 1.000 caracteres com espaço)

7)       Enviar, até 24/5, com o nome dos componentes do grupo para unacomportamento@gmail.com

Observação sobre a avaliação: em trabalhos anteriores, grupos perderam pontos por não cumprirem as especificações, ou seja, não fizeram TODAS as abordagens, explicações e tarefas solicitadas no exercício. Não cometam o mesmo erro. Por outro lado, o cuidado estético e informacional dos textos também será avaliado (afinal, são estudantes de Publicidade e Propaganda), e poderam cobrir pontos eventualmente perdidos em outros critérios.