Por Marcos Coronato - Revista Época - no. 824 - 17.03.2014
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A era digital mudou a forma como decidimos. Além do perigo do "afogamento" no excesso de informação, que outros cuidados ela exige?
É uma faca de dois gumes. Temos essa quantidade incrível de dados à disposição, e isso nos oferece ótimas possibilidades. Mas também corremos o risco de nos afogarmos em dados. Temos de tomar decisões numa era de distração digital, de e-mail e redes sociais. Essas distrações nos mantêm num estado hormonal de estresse constante. Podemos ficar viciados nelas. Isso não é bom para decidir. Temos de manejar melhor nossas vidas digitais. Tento conter meu uso de e-mail. Em vez de deixá-lo aberto o dia todo, confiro duas a quatro vezes por dia. Recomendo também tirar uma folga digital semanal, um dia sem checar e-mail, sem entrar em redes sociais. Um dos melhores procedimentos que você pode adotar antes de tomar uma decisão, privada ou profissional, é delimitar um tempo e espaço para apenas pensar. É incrivelmente difícil fazer isso hoje.
A senhora recomenda que todos prestemos atenção a nosso jeito de pensar e decidir, a fim de identificar falhas. O que a senhora já percebeu em seu jeito de decidir?
Teto identificar meu estado emocional. Se estamos com raiva, confiamos menos; se estamos felizes, confiamos mais. Se estamos estressados, deixamos de perceber contextos mais amplos. Se estamos ansiosos, tornamo-nos mais avessos a risco. Também fico mais atenta a meu estado físico. Se estou faminta, com sono, cansada, evito tomar decisões importantes. Também passei a prestar atenção à linguagem. No passado, comprava muito mais produtos por causa da linguagem usada na embalagem ou na publicidade, por causa de palavras bonitas ou que parecessem científicas. Hoje, sou mais atenta a isso e penso se realmente preciso daquele produto.
E você, já percebeu seu jeito de decidir? Qual a sua opinião sobre as observações da escritora e qual o impacto no comportamento do consumidor?