terça-feira, 24 de março de 2015

Faculdade faz até reunião de pais contra 'geração mimada'


Diante da maior participação de famílias, escolas usam práticas de colégio. Pais podem assistir até à primeira aula do curso dos filhos em instituição de ensino particular de São Paulo

Por Thais Bilenky - Folha de S. Paulo - 22 de março de 2015


O ingresso de alunos cada vez menos autônomos na graduação tem levado universidades privadas a adotarem práticas de colégio, como reunião de pais e boletins.

O centro universitário Belas Artes, na Vila Mariana (zona sul de SP), passou a promover, há um semestre, um encontro entre pais e professores depois da primeira prova. Além disso, a família pode acompanhar notas e a frequência do aluno no portal.

O intuito da reunião é discutir as dificuldades dos estudantes e passar confiança aos pais, sobretudo aos que se mostram superprotetores.

O coordenador do curso de publicidade, Eric Carvalho, 38, diz que a prática decorre da frequência com que estudantes, até nos anos finais da graduação, recorrem aos pais para reclamar de notas.
Segundo Carvalho, tendem a ser mais conscientes os alunos que pagam a própria mensalidade --de R$ 1.482 a R$ 3.513 na Belas Artes. Mas em instituições frequentadas pela classe média alta, a família costuma custear os estudos, e os jovens precisam de um empurrãozinho, diz.

Para ele, esses estudantes têm autonomia limitada e repertório incipiente. "Não quero generalizar, mas é uma geração um pouco mais mimada", afirma.

Na ESPM (Vila Mariana), com mensalidade na faixa de R$ 3.000, também se nota a presença dos pais. O diretor de graduação, Luiz Fernando Garcia, diz ter registro --"graças aos céus, poucos"-- de mãe reclamar de reprovação em MBA (especialização).

Durante o vestibular, a escola convida as famílias para conhecer instalações e professores. Os aprovados podem assistir à aula inaugural com os pais. É como um rito de passagem. "A gente reforça o recado: 'Muito obrigado pela confiança. A partir daqui, é conosco'", diz Garcia.
Ele conta que se tornou comum mães acompanharem filhos até a sala de espera em entrevistas do estágio, "e ainda quererem entrar junto...".

A universidade Mackenzie, na Consolação (centro), passou, no ano passado, a fazer um encontro de início de curso com pais, que lotou um espaço de mais de 900 lugares.

O reitor, Benedito Aguiar, diz se preocupar com a "afluência" de estudantes a bares em horário de aula. Nesse sentido, analisa, falta maturidade para perceber que precisa de "afinco e dedicação" aos estudos.

Um indicador da mudança de perfil é a queda na procura pelo período noturno. Com curso pago pela família, alunos não precisam trabalhar e são mais "vigiados" em casa. "O protecionismo talvez contribua para a acomodação de alunos", afirma o reitor.

Prezadas e Prezados, temos discutido em sala sobre as motivações e a importância da família na nossa formação, e o impacto disso no consumo. Como o ensino superior é um importante consumo no segmento de serviço, e vocês estão diretamente envolvido nele, qual a sua visão sobre a notícia a partir do que temos visto em sala?

quarta-feira, 18 de março de 2015

Alemanha usa sexo e zumbis em campanha de meio ambiente



Ideia é estimular hábitos sustentáveis por meio do bom humor

Por Nádia Pontes - Colaboração para a Folha, em Frankfurt - Folha de S. Paulo - 31/12/2014. 

Ao chegar em casa, uma adolescente flagra os pais fazendo sexo, apoiados sobre o sofá da sala. Depois da troca de olhares constrangidos, a garota apaga a luz. A cena faz parte de um vídeo assistido por mais de 2 milhões de pessoas no YouTube, mas não se trata de um canal erótico. É uma campanha do Ministério de Meio Ambiente da Alemanha.

A estratégia é usar o bom humor para estimular o espectador a adotar pequenas ações mais sustentáveis. Com o vídeo do flagrante do sexo, a ideia é economizar eletricidade. A Alemanha quer reduzir o consumo em 5% nas residências, o que representaria uma economia de cerca de 7 terawatt-hora por ano --o total gerado por uma usina movida a carvão.

Outros dois "spots" compõem a campanha estatal. Num deles, um homem é devorado por zumbis ao cortar grama no quintal. Do lado de dentro da casa, sua mulher toca flauta. Incomodada pelos gritos que vêm do lado de fora, ela trava a janela e ignora o ataque dos mortos-vivos.

A mensagem por trás da brincadeira lembra que manter as janelas fechadas no inverno, que começa em dezembro na Europa, é importante para economizar em aquecimento doméstico. Esse hábito poderia evitar a emissão de 4,55 milhões de toneladas de gás carbônico por ano, diz o ministério.
A escolha de uma linguagem mais liberal para falar de sustentabilidade, por enquanto, não provocou protestos da ala mais conservadora. "A aprovação é espetacular", diz à Folha o porta-voz do ministério, Michael Schroeren. "Quem não gosta dos filmes não precisa assistir."

Para o ministério, a abordagem mais cômica não atrapalha a comunicação. "Proteção climática é um assunto sério, mas isso não quer dizer que devemos tratar desse tema somente de forma séria e amarga", defende o porta-voz do ministério. "O tema também é complexo, e isso exige que ele seja tratado com mensagens descomplicadas que tenham a ver com o cotidiano das pessoas."

É o que as autoridades alemãs tentam com a campanha: fazer com que cada um contribua para diminuir a poluição, as emissões de gás carbônico e, assim, preservar o meio ambiente. "Não é preciso muito esforço, só um pouco de atenção e reflexão", afirma Schroeren.

Os filmes de 30 segundos estão disponíveis na internet e também são exibidos em salas de cinema da Alemanha, mas podem ser entendidos pelo público internacional com facilidade. "Não é preciso falar alemão para compreender os vídeos, eles falam por si, não importa se o espectador está na Alemanha ou no Brasil", opina Michael Schroeren.

Na sua opinião, qual a importância do sexo e do humor no comportamento do consumidor e qual a sua eficácia?

domingo, 8 de março de 2015

Tendência publicitária trata mulheres como seres humanos, enfim






"Quando o mundo os chama-los de chefes e o mundo nos chamar de mandonas, chicoteai-o. Quando falarem que eles são persuasivos e falarem que somos agressivas, chicoteai-os. Quando eles fizerem seu trabalho de pai e forem chamados de dedicados e você fizer seu trabalho de mãe for chamada de egoísta, chicoteai-os. Não deixe que rótulos te segure. Seja forte e brilhante." Tradução livre.


Especial para Folha de S. Paulo - Edição 8.3.2015







Em 2013, a Pantene colocou no ar a campanha "Shine Strong", que apontava como homens recebiam adjetivos edificantes por apresentarem certas características pelas quais mulheres eram em geral depreciadas. Se ele lidera, ela é mandona. Se ele é extremamente dedicado ao trabalho, ela é egoísta.

A campanha foi um dos focos do movimento conhecido como Femvertising, mistura em inglês das palavras feminismo e publicidade.

Nele, os anúncios inspiram e reivindicam mais poder para a mulher ao invés de contribuir para a manutenção de suas inseguranças. E a Pantene, ao apostar num retrato mais complexo das mulheres, teve um aumento de 3% em sua participação no mercado, faturou US$ 25 milhões em aparições na mídia e teve mais de 46 milhões de visualizações no YouTube.


Uma das pioneiras desse tipo de publicidade foi a Dove, que há quase 11 anos criou sua campanha "Pela Real Beleza", que denunciava o uso de Photoshop nas imagens e trazia modelos com corpos diferentes dos das modelos.

Campanha Always: "Você é incrível. Você é impossível de parar. E você pensa como uma garota. Reescreva as regras." Tradução livre.
Outras marcas que entraram nessa recentemente foram Always, com a campanha "Like A Girl" (como uma garota, em inglês), que desafiou estereótipos negativos associados ao sexo feminino, e "Under Armour", com Gisele Bündchen declarando "I Will What I Want" (farei o que eu quiser, em inglês).
Campanha Under Armour: "Quebre o modelo suavemente", "Ela não é nada especial". Tradução livre.

Femversiting responde a uma preocupação da publicidade em falar com as mulheres: sabe-se que elas são maioria na internet e que seu poder de decisão de compra é maior que o dos homens.
O movimento é ainda uma resposta a um fenômeno que vem se repetindo na publicidade: anúncios que passariam despercebidos agora são duramente criticados.
Campanha Body: O Corpo Perfeito: Propaganda Original

Campanha Body: O Corpo Perfeito: reação na internet


"O corpo perfeito", slogan original da campanha das lingeries Body, da Victoria's Secret, lançada em novembro do ano passado, precisou ser mudado após protestos em redes sociais que denunciavam a mensagem como danosa "à imagem que as mulheres têm de seus corpos".

Neste ano, a Skol mudou sua campanha de Carnaval depois que a frase "Esqueci o não em casa" foi alvo de protesto na internet por ser considerada uma forma de apologia ao estupro.

Criar produtos que levem a mulher a sério, que a tratem como alguém inteligente e responsável, é a novidade que tem dado mais resultados --sociais e financeiros.

Prezadas e Prezados, comentem as experiências positivas e negativas das campanhas citadas, a partir do que os publicitários supostamente pensaram sobre os comportamentos femininos: onde as campanhas acertaram e onde erraram?